Duas semanas após o último artigo, a situação se aprofundou exponencialmente…
Mais de 30 mil mortes na Europa depois, mais de 5000 mil mortes nos EUA depois (ultrapassou o episódio do World Trade Center), mais de 200 mortes no Brasil depois, pânico disseminado, corrida aos insumos de combate e alimentos, aumento do desemprego, imensas perdas em negócios não realizados, perdas de mais de 30% da BOVESPA e em torno de 1,5-2% do PIB de 2019, o Brasil inteiro em isolamento social em casa (com exceção dos serviços essenciais e outras exceções), mil discussões acerca da estratégia, se foi acertada, sobre o ritmo de propagação, sobre se o remédio matará o coronavirus mas também o paciente. Todos estamos em pleno acionamento dos comitês e planos de gestão de crises e continuidade dos negócios, acelerando a digitalização e a substituição dos serviços presenciais por outros à distância… Pais e filhos juntos em casa, de uma maneira que nunca dantes presenciamos…
A figura abaixo ajuda a ilustrar esta situação sob o ponto de vista das organizações (veja definições abaixo do gráfico).
Sem entrar em profundidade, mas somente exemplificando a figura com o caso da pandemia do coronavirus, podemos estimar:
Letras da parte esquerda: os alertas, a ocorrência, as medidas de mitigação e o retorno de atividades a um nível aceitável (mas não o normal antes da ocorrência)
a = algum momento das semanas passadas
b = algum momento do começo do ano
c = as primeiras medidas anunciadas pelo Governo (as ligadas aos protocolos de fronteiras e chegada ao território brasileiro
d = as medidas tomadas nas últimas semanas
e = algum momento do futuro, ainda não sabido, mas esperamos que esteja próximo
Números da parte à direita: impactos, ações para recuperar a continuidade das atividades da organização e tratar os impactos
1 = ainda não há um objetivo de tempo claramente definido
2 = este tempo já foi atingido desde a primeira morte
3 e 4 = percebe-se na comparação destas curvas que o impacto e o tempo de recuperação serão muito maiores quando não temos um sistema de gestão da continuidade do negócio.
5 = capacidade mínima aceitável – no caso das empresas, há a preocupação, expressada inclusive pelo Ministro da Economia, de cair abaixo do mínimo nos próximos meses caso esta pandemia se prolongue.
6 = com o sistema de gestão da continuidade do negócio, a curva de disrupção é encurtada.
Esta figura é do rascunho final, antes da aprovação e publicação, da ISO/FDIS 22313 – “Security and resilience — Business continuity management systems — Guidance on the use of ISO 22301”, recém aprovada em fevereiro de 2020, relativa a uma situação de disrupção gradual, p.ex. que vai se aproximando de uma pandemia (NOTA: a figura foi alterada quanto à legenda na versão publicada, para simplificar a visualização, mas os termos, as curvas e significados são os mesmos).
A ISO 22301 – “Security and resilience — Business continuity management systems — Requirements”, por sua vez foi aprovada em outubro de 2019. Esta norma é objeto de certificação, assim como a ISO 9001 ISO 14001, ISO 45001, ISO 37001 e outras de sistemas de gestão. No entanto, a adesão a ela é muita baixa, medida pelo número mundial de certificados válidos (somente 1506) ou de sites certificados (somente 5282) ao final de 2018. No Brasil, então, são somente 8 certificações (!?!?!?) em dezembro de 2018.
E continuamos na parte da curva descendo… descendo… Qual o pico da pandemia, e qual o ponto onde pararemos de descer na capacidade de garantir os negócios, ainda não sabemos…
CONCLUSÃO
Não é fácil ser gestor e empreendedor. Não é fácil controlar o painel de bordo em nosso mundo VUCA – volátil, incerto, complexo e ambíguo…
Todos temos de ser resilientes e com uma capacidade de adaptação e agilidade para sobreviver diante dos muitos riscos. Claro que alguns estão percebendo oportunidades no meio deste furacão (e elas existem).
Todos nós, que estamos em “modo sobrevivência”, vamos testar todas as nossas habilidades e capacidades neste momento!
Era difícil prever esta situação do modo como se tornou. Pelo que podemos perceber, a maior parte das organizações não estava preparada para esta situação. Mas que poderia ser menos desafiadora se tivéssemos um bom sistema de gestão de riscos, e um bom sistema de gestão da continuidade do negócio, isso seria!
Michel Epelbaum – Diretor da Ellux Consultoria
Diretor da Ellux Consultoria. Tem mais de 25 anos de experiência nacional e internacional em gestão de sustentabilidade, qualidade, meio ambiente, saúde ocupacional e segurança, e compliance. É membro dos Comitês Técnicos da ABNT de Gestão Ambiental, Antissuborno, Riscos, Governança, Responsabilidade Social e Energia. É Lead Assessor nas normas ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, ISO 45001, ISO 19600 e ISO 37001.
Consulte nossos serviços de Consultoria, Treinamento e Auditoria em Sistemas de Gestão, inclusive nas Normas ISO 31000, ISO 14001, ISO 9001, ISO 37001, ISO 19600, ISO 45001, ISO 26000 e ISO 50001.
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