O Instrutor em Cena
Estudo comparativo entre o instrutor e o ator, revelando as similaridades das duas atividades. Artigo publicado na Revista CIPA em janeiro 2003.
Com a crescente demanda de treinamentos nas empresas, cada vez mais funcionários são solicitados a desempenhar o papel de instrutor, multiplicando conhecimento.
Você deve imaginar que estas pessoas são orientadas a preparar antecipadamente sua aula: estudar o assunto a ser abordado, preparar o conteúdo, calcular o tempo da aula, definir o material a ser utilizado, verificar a disponibilidade dos recursos didáticos e saber o número de participantes.
A pergunta é: este preparo garante o bom desempenho na sala de aula?
Antes de responder a esta pergunta, vamos imaginar um exemplo como forma de reflexão: um espetáculo teatral. Quando vamos ao teatro, vários elementos já foram previamente preparados para que o espetáculo aconteça: recursos de iluminação e sonoplastia, cenários, figurinos, adereços e atores que sabem seu texto de cor.
Contudo não podemos esquecer que, além de toda esta produção, há um fator fundamental para garantir o êxito de uma apresentação teatral: a preparação do ator.
Preparação do Ator
Até chegar ao palco, o ator treinou técnicas de interpretação e de expressão vocal e corporal.
Como resultado, ele demonstra no palco uma consciência de estar em cena, uma intenção comunicativa, maior interação com a platéia e a capacidade de improvisar. Aí sim, nos sentimos cativados e emocionados, choramos, rimos e somos envolvidos verdadeiramente pelo espetáculo.
Isso só acontece porque o ator conseguiu se comunicar com o público. Para que esta magia aconteça também em sala de aula, o instrutor tem que se preparar.
O bom desempenho não é garantido apenas pela utilização de recursos e materiais didáticos, mas sim pelo uso eficaz das habilidades comunicativas.
Habilidades Comunicativas
É preciso conhecer, desenvolver e ampliar estes recursos: voz, entonação, dicção, postura e gestos para expressar-se com clareza e desenvoltura e também para perceber melhor o ambiente, ter prontidão para interagir com os participantes e conseguir improvisar quando necessário.
A expressão e a percepção acontecem simultaneamente durante a comunicação conforme ilustra a figura abaixo:
Quando nos comunicamos, não assumimos um papel passivo, de meros emissores e/ou receptores da mensagem. Tudo o que é transmitido está repleto de emoções e sensações próprias de cada um.
Toda mensagem é interpretada de acordo com nossas experiências, o que nos torna agentes ativos nesse processo, fazendo uso de mecanismos como: associação de idéias, imaginação, compreensão da mensagem, elaboração do discurso e criatividade na expressão verbal e não-verbal.
Dessa forma, o instrutor que percebe o processo e utiliza essas habilidades evita que falhas tão frequentes na rotina de treinamento aconteçam, como por exemplo:
Tenho a impressão de que fiz aquele comentário na hora errada.
Nem percebi que alguns alunos já estavam bocejando…
Não entendi o que você quis dizer.
Você quer que eu exemplifique esta situação?
Puxa, deu branco …
Fui pego de surpresa!
Puxa, já dei esta aula mais de 40 vezes e não consigo utilizar outros exemplos.
Os participantes reclamaram que eu falo muito rápido.
Ninguém riu das minhas piadas…
As minhas mãos me atrapalham durante a aula, não sei onde colocá-las!
A boa notícia é que existem formas de se evitar estas falhas na comunicação.
Uma delas é buscar novas atitudes no dia-a-dia:
participar ativamente de atividades socioculturais;
observar a comunicação interpessoal;
perceber melhor as situações de comunicação e as expectativas dos ouvintes;
pensar sempre na melhor forma de falar
ter a vontade, a intenção de se comunicar.
A outra forma é apoderar-se das habilidades comunicativas.
Como?
Por meio de técnicas, jogos e dinâmicas, o instrutor exercita seus recursos corporais e vocais e conhece, amplia e foca o uso de suas ferramentas de comunicação.
Conclusão
Se a vida no palco exige do ator um trabalho contínuo para melhorar sua interpretação, imagine o instrutor no palco da vida, onde as situações inesperadas do dia-a-dia requerem dele preparo constante como garantia de um bom desempenho na sala de aula.
Maria Cristina Borrego – fonoaudióloga, especialista em Voz
Rosa A Epelbaum – fonoaudióloga e diretora da Ellux Consultoria
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