Em plena crise econômica, chamam a atenção notícias que mostram os prejuízos e a ineficácia da gestão de diversos temas, sinalizando os muitos assuntos onde podemos avançar, não somente do ponto de vista racional financeiro, mas também do ponto de vista social e ambiental. E quando temos os três assuntos relacionados, mais impactante é do ponto de vista de benefício. Cito aqui 2 deles:
Impactos Econômicos Diretos das Ameaças ao Desenvolvimento Sustentável
Em tempos de negação governamental a assuntos de interesse da população que sejam diferentes da “agenda pública” (me refiro à retirada dos EUA do Acordo de Paris para o combate ao Aquecimento Global, mas poderia citar outros diversos, vários deles no Brasil), o relatório Better Business, Better World de jan/17, da Business and Sustainable Development Comission, traz elementos para acreditar que grupos apartidários e sem origem governamental podem se reunir e dialogar para buscar soluções comuns aos desafios atuais. Formada por líderes de empresas, do setor financeiro, da sociedade civil, de organizações trabalhistas e outras internacionais, lançado no Fórum Econômico Mundial de 2016, esta comissão foi criada para mapear os prêmios econômicos potencialmente atingíveis caso os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) sejam alcançados, e descrever como o setor empresarial pode contribuir para atingir estes objetivos. A Comissão estima que atingir os ODSs em 4 sistemas econômicos críticos (que representam em torno de 60% da economia real: alimentos e agricultura, cidades, energia e materiais, e saúde e bem estar) abre um mercado de oportunidades estimado em US$12 trilhões, desde que as empresas coloquem estes assuntos em sua estratégia central. O texto cita que mais de 9 mil delas já o fizeram (este é o numero de signatárias do compromisso com o Pacto Global da ONU… mas certamente muitas outras já o fizeram de outras maneiras).
O relatório traz um dado muito interessante sobre os Impactos Econômicos Diretos das Ameaças ao Desenvolvimento Sustentável, reproduzidos na figura abaixo:
Percebe-se o tremendo impacto da violência e conflito armado (cerca de 9% do PIB Mundial), mas os números representados pelas ameaças seguintes são enormes (cerca de 3% do PIB mundial para impactos à biodiversidade e ecossistemas, fumo e obesidade). (NOTA: causou-me surpresa as mudanças climáticas responderem por somente 1,3% do PIB mundial – especulo que as suas contribuições para as demais ameaças estejam contabilizadas separadamente em cada tema – p.ex. impactos à biodiversidade e ecossistemas).
O grupo seguinte (cerca de 2% do PIB mundial) inclui a corrupção, mas o fluxo ilícito financeiro pode somar mais 1,4% a esta componente (veja o exemplo a seguir).
Impacto Econômico das Organizações Criminosas no Brasil
A motivação para escolher o tema deste artigo veio do anúncio feito pela Polícia Federal de que, em 4 anos, deflagrou 2056 operações contra organizações criminosas por contratos fraudulentos, impostos sonegados, crimes financeiros e cibernéticas, verbas públicas desviadas e até mesmo danos ambientais (causados por empresas, madeireiras e garimpos), provocando prejuízos estimados em R$ 123 bilhões, sendo que o maior deles foi detectado pela Operação Greenfield (fraudes nos fundos de pensão – R$ 53,8 bilhões – 4 vezes o da Operação Lava-Jato – R$ 13,8 bilhões).
Do ponto de vista empresarial, as soluções micro para os problemas macro passam pela ampla revisão do planejamento estratégico, colocando o desenvolvimento sustentável e o combate à corrupção em seu centro. Além disto, deve-se buscar o fortalecimento da gestão para implementar a estratégia:
- Demonstrar o exemplo pela liderança,
- Definir metas e formas de mensurar os resultados,
- Empoderar os colaboradores a atingir estes resultados,
- Implementar políticas, sistemas e processos para controlar os riscos e impactos envolvidos,
- Colaborar em redes multidisciplinares para o esforço comum da sociedade.
Sem medo de ser repetitivo, os melhores modelos e ferramentas de gestão devem ser buscados, aproveitando a padronização internacional com o “recheio” e customização local. Devemos prestar atenção nestes modelos internacionais, como os da ONU, WBCSD (World Bussiness Council for Sustainable Develoment), ISO e outras associações não governamentais de cooperação, que podem trazer efetiva evolução para o impacto econômico, social e ambiental, incluindo o combate à corrupção.
Michel Epelbaum – diretor da Ellux Consultoria
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