Em meio ao feriado da Páscoa, onde se contam histórias ligadas à fé, à liberdade e à união por um bem maior, as notícias sobre os escândalos sucessivos de corrupção nos vários meios mostram a necessidade de se pensar no coletivo, na ética, com fé e esperança em uma evolução em direção a este benefício maior:

• as delações da Odebrecht expõem mais vísceras do modus operandis da política e negócios no Brasil (mas não somente aqui), e o comportamento individualista predominante;

• estudo recente do IESS (Instituto de Estudos da Saúde Suplementar) estima o custo anual com desperdícios e fraudes em R$ 22,5 bilhões (ou 19,5% dos gastos assistenciais dos planos de saúde). Um dos escândalos mais divulgados foi o da máfia das próteses, um esquema de corrupção que superfaturava compras de órteses, próteses e materiais médicos, que é investigado pela Polícia Federal há mais de 2 anos, e envolve várias entidades públicas e privadas. Mas a prática ocorre rotineiramente em muitos ambientes do setor, incluindo a participação dos pacientes… (fonte: Jornal O Estado de São Paulo, 30/03/217).

E o que podemos comentar de positivo para manter a fé/esperança e cultivar o comportamento de integridade?

• as indústrias de dispositivos médicos (órteses e próteses) anunciaram que deixarão de financiar viagens de médicos a congressos a partir de 2018, como forma de evitar conflitos de interesses neste setor;

• o setor de saúde organizou o Instituto Ética Saúde, contando com 240 empresas (cerca de 60% das maiores), que criou regras para suas associadas para aperfeiçoar a gestão da integridade, incluindo um canal de denúncias e todo o seu tratamento e informação ao Ministério Público;

• o BNDES está alterando as exigências para concessão de novos empréstimos, para incluir a adesão a um conjunto de regras de integridade, e a cessação dos empréstimos em caso de irregularidades;

• o acompanhamento da sociedade é bastante importante para garantir que o sistema político e econômico funcione para este bem maior. Um exemplo interessante deste acompanhamento em tempos de internet é o do algoritmo “Rosie”, criado por brasileiros para analisar os gastos de parlamentares durante os seus mandatos, que em 2 dias de uso, identificou 849 casos suspeitos de duplicidades e outra situações fora do normal, que foram comunicados para órgão fiscalizador do legislativo;

• foi aprovada a implementação da unificação entre os documentos federais pessoais RG, CPF e Título de Eleitor, visando dentre outros objetivos evitar fraudes e simplificar a burocracia (a qual facilita o suborno e a fraude);

• a ética, o reconhecimento da verdade e a integridade devem prevalecer nas relações pessoais… mas percebemos que atualmente se circunscreve a um número limitado de pessoas… por isso a atitude de honestidade do jogador de futebol Rodrigo Caio (São Paulo) no jogo de domingo contra o Corinthians, é tão emblemática e deve ser exaltada.

• como comentado em artigo anterior, em 10 de março foi publicada a versão brasileira da nova norma ISO 37001 – Sistemas de Gestão Antissuborno, tradução fiel da ISO 37001, padrão que visa melhorar a gestão das organizações para prevenir o suborno. Espera-se que este instrumento possa contribuir para a redução dos casos de corrupção, apoiando este esforço pelo bem maior da sociedade.

Que a ressurreição da ética e integridade seja fato no futuro, e estes momentos tão difíceis sejam lembrados como um passo intermediário para a evolução.

Que nesta Páscoa consigamos avançar um pouco mais na fé e na cultura do bem comum maior e da ética nas relações e nas atividades.

Michel Epelbaum – diretor da Ellux Consultoria

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