O que há em comum entre o Museu da Língua Portuguesa (SP), a Samarco (MG), os terminais de granéis de Alemoa (Santos/SP), a boate Kiss (RS), a Heineken (SP) e o terminal portuário do Guarujá/SP? Já sabem, não é? Falta de prevenção e gestão de riscos, falta de cumprimento de requisitos básicos legais, falta de fiscalização – alguns dos fatores da cadeia causal de acidentes recentes com graves consequências ambientais e sociais.
SOBRE A FALTA DE PREVENÇÃO
Há muitos anos atrás, ouvi uma comparação interessante (se bem que uma generalização seja questionável) entre a cultura japonesa e a brasileira quanto à qualidade: referindo-se ao ciclo PDCA – (P)planejar, (D)desenvolver, (C)checar e (A)atuar, ferramenta que também é a estrutura de gestão da ISO 9001 e 14001 – dizia-se que o japonês privilegiava o P para otimizar o D, enquanto que o brasileiro negligenciava o P e concentrava-se no D (muitas vezes atuando como “bombeiro apagando incêndio”…). E este tipo de mentalidade causa muitos destes acidentes e problemas que temos visto…
Teria a ver com planejamento, prevenção e cultura brasileira:
- hoje sermos centro das atenções mundiais, por conta da microcefalia causada pelo vírus Zika, já se transformando em situação de emergência decretada pela OMS….
- a crise da água e a potencial crise de energia em várias regiões do país…
SOBRE A FALTA DE GESTÃO DE RISCOS
Os acidentes ocorridos recentemente no Brasil ilustram facetas da falta de avaliação e gestão de riscos:
- várias das falhas e causas da tragédia da Boate Kiss/RS e do incêndio do Museu da Língua Portuguesa/SP continuam presentes em locais de grande concentração de pessoas…
- o rompimento da barragem da Samarco/MG não foi o primeiro (p.e. Cataguases/MG, 2003) e com a mentalidade atual temo que não seja o último (ver o vazamento da mesma mineradora do final de janeiro)…
- uma boa avaliação e gestão dos riscos teriam possivelmente evitado as mortes e intoxicações decorrentes do incêndio de janeiro nas instalações da Localfrio no porto do Guarujá/SP e da explosão da caldeira na Heineken de Jacareí/SP…
SOBRE A FALTA DE CUMPRIMENTO E FISCALIZAÇÃO DE REQUISITOS LEGAIS
Os exemplos de falta de cumprimento e fiscalização legais são inúmeros e repetitivos. Desde o licenciamento de empreendimentos até as medidas de proteção/gestão de riscos, monitoramento, etc.
Neste momento está em consulta pública uma ampla revisão do processo do licenciamento ambiental, que pode significar um afrouxamento para grandes empreendimentos (p.ex. empresa de mineração, hidrelétricas), podendo ser mais um vetor de deste tipo de acidentes e impactos.
Mas a revisão legal necessária como resultado do acidente da Boate Kiss, do sinistro ocorrido em abril/2015 no terminal de granéis químicos líquidos da Alemoa (Santos/SP) e outros foi insuficiente (o documento “Carta de Santos” – “O que ocorreu e o que precisa mudar”, de maio/15, relata os vários acidentes ocorridos no local e recomenda ações para prevenção de riscos e melhoria legal)…
Precisamos avançar muito no (P)… Metodologias, técnicas, normas, leis e práticas sobre o assunto existem em abundância, mas com falhas de uso. Aproveitar a “força extra” representada pela mentalidade de riscos introduzida pela nova versão das Normas ISO 9001/14001… Ampliar a gestão técnica e legal para uma abordagem sistêmica, cultural, de integridade e comprometimento… Para evitar mais mortes, impactos ambientais e perdas materiais… Leia mais!
Michel Epelbaum – diretor da Ellux Consultoria
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